quarta-feira, 19 de maio de 2010

Perseguir calçadas.

É intuitivo, cinza concreto.
E faz no mínimo quatro anos.
Sei que não adianta,
mas mesmo assim faço.

Sempre com o olhar abaixado,
sem nunca olhar as pessoas em volta,
mas sempre as assitindo.

Eu procuro um dia.
Só isso.
Um dia que minha companhia,
não me dê tédio.
Nem seja eu mesmo.

Eu quero um dia-espelho,
na abstrata calçada de concreto,
que eu não seja infame.

E só.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Negativos.

O perfume que você gostava que eu usasse,
já não dói mais,quando eu passo.
Só sei que o que eu sentia,
já foi bonito.Antes.



A casquinha do machucado,
que eu tanto cutucava:
fiz depois de cair num tronco
porque tropecei no cachorro.
-Fechou e ficou uma cicatriz pequena.
Daquelas que sabem o porquê do seu lugar.

O desespero que eu tinha,
em ficar em casa,
trocou de lugar com o pijama.
E hoje, não há nada que me conforte tanto:
-Quanto um sal de fruta e um banho quente.
Ontem era um Pisco sauer e uma saia curta.
Só restou o velho Blues, aonde quer que eu esteja.

Ainda gosto de tirar fotografia das nuvens,
Elas se moldam suaves,
diferentemente das faces opressivas
cheias de traços grotescos
encontradas nas multidões.

Nem mediocre, nem feio
é o simples que quero.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

É Tempo.

I-

Em meu colo pálido,
não há mais pigente doce,
coloquei em seu lugar
uma pedra negra-
Que é a lápide, de tudo o que já se foi.

O semblante de moça esvaiu-se
descorando-me ás faces
e estancando meu peito:
Não quis mais beber das feridas passadas.

Ao invés, ficou um olhar,
um semblante mais altivo , comprometido
e menos arrogante.
Onde outrora se pusera a chama,
jaz aqui, a prudência.

II-

Vejo-te donzela embriagada,
multifacetada nas multidões.
Morta- e só, como em qualquer fim.

A morte, acaba com tudo:
A moléstia sexual, os abusos da infância,
o opróbrio e a mendicância.
Assim, em cinzas,
traz o tempo o ostracismo.
E este, a paz da não-existência.

III-

A molé(ca)stia, morreu e deixou seu corpo.
que como roceira senil,
atém-se ao ardil trabalho.

É esse o maior bem do homem,
quem nada leva desse mundo,
nem de bom , nem de ruim.

Epílogo-

A paz, a moça alça,
alça em voô colorido,
não como as mil canetas que jogou fora,
mas como qualquer lápis grafite.

Com a melodia das Faltas e dos Violindos,
Sem vinho , sem pão e sem porvir.
Só o tempo absoluto do agora:
capaz de pousar a pena sob a cabeceira,
e docemente adormecer.


-Livro de todas as penas, prá se tornar sonho.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu tenho que perguntar o porquê.

Como faço as vistas,
que nenhuma ação, agora,
de mansinho, justifica o meu auto-flagelo.

Quis me matar em goles,
consumir-me em braços
que me davam ojerija.
Tudo porque me senti profana demais,
a teu ver.

Era você e o mau gênio do meu pai
que me consumiam assim.
E fui eu mesma que cavei o meu poço sem fim.

Agora , eu tenho que perguntar o porquê:
Você não está mais noivo,
meu pai morre aos poucos
e eu vou ser mãe.

Todos tenderam a entropia.
Menos eu, menos eu...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sobre beber todas.

Faz bem mais de meio ano,
que estou abstêmia.

É o preço que se paga pela vanguarda:
Tudo o que é vivo dentro de você
é prelúdio para uma chacina.

Antes eu bebia prá me anestesiar,
era tudo o que eu queria:
Devaneio gratuíto.
E tudo o que consegui fora:
sofrimento gratuíto.

Já diziam os antigos:
Tornei-me um ébrio.
Eu digo que tornei-me
e de tantas voltas que dei
fiz caldo de mim mesma.

Mudei meu nome prá Perpétua.
Bebi e fui em cana.
Nos devaneios amargos.