sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Roubada a história, ficam as feridas.

É cada pedacinho,
que faz uma pessoa,
que os ladrões tiram.

Um herbicida para os sonhos.

Mas há o curar:
Preencher as feridas alheias.
E assim cicatrizar as minhas.

E os trigos colher outra vez.
A deixar o joio para as pastagens latrinas.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Na Corda bamba,de sombrinha.

Eu gritava, com tudo
e todos.
E hoje, sinto falta do som...
E ouço meu próprio silêncio:
ao mirar minha pele pálida nas poças.

É o meu maior grito.
A quietude e a soledade.
Porque assim não há mais valia,
além do que vale para mim.

É um único holofote no palco,
todo escuro.
Discreto;
Fico feliz- pois deixei de ser palhaço.

E matar as lágrimas em rizos.
Ás raízes dos erros perenes,
que canto hoje.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Dormida.

Eu tive um sonho dentro de outro:
Era um gueto, onde as crianças brincavam
felizes com bolhas nas mãos.

Eu era uma delas,
sentada sozinha em um tronco.
Não tinha bonecas ou piões.
Só uma pobre cotovia.

Que não podia voar:
Tinham cortado suas asas.

E ela piava triste.
Para sempre.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Escombros.

É porque eu mirei a sombra,
de Orfeu, que virei pedra.
A pedra da sombra.

E nas pedras do limbo,
ainda há os ninhos:
De vermes multicoloridos.

E tudo caiu na minhas costas
ao soar a sétima trombeta.
Era a salvação!

Sou uma pedra bruta,
com os pés calejados
e o pulmão cinzento.
Sou a garota-cinzeiro,
e deixo que apaguem cigarros em mim.

E meus braços,
jaziam no cimento
da benfeitoria pública.

Era rubro.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sanatorium Altrosa.

É o meu vício de todos os dias:
Sentar em um quarto vazio,
beber absinto e escrever poesia.
É escuro, e ninguém me vê.

Só o Fauno, o meu eu dionisíaco,
que se enforca em um manicômio,
com os cadarços do próprio All Star.
Como escritora inglesa.

Estou grávida de minha própria sombra,
e há no meu Violino, uma renca de motivos.
Talvez um dia eu cante ás margaridas ,
mas hoje só o faço das flores que nascem
- No meio do esgoto.

O meu esgoto de mundo.
Imundo.

Do alto da minha montanha,
tenho apenas as curas musicais:
De outrossim, não como'eu.