domingo, 8 de agosto de 2010

A tristeza que vive.

Quando Deus criou a tristeza,
e nos séculos dos séculos,
decidiu soprá-la ao barro,
dentro de mim pô-la vivente.

Quando na hora do parto,
fez-me ver a resma de vida,
disse: não chores, filha,
a dor é o que tenho te consagrado.

E uma mansidão senil,
possuiu meu viver infante,
sempre um pranto servil:
da doênça agonizante.

Só com o pranto e a dor no peito,
da saúde frágil e do nunca entendimento,
me chamo tristeza,
e visto a minha mortalha como quem ri.

Com avareza esboço, um sorriso débil.
Enquanto um pranto cálido, sempre quieto,
me escorre ás faces.

Ninguém quer o infortúnio perto,
e eu que sou a mensageira das dores,
só sou evocada pelos sós e pelos poetas.

E vou errando pelo mundo,
até um dia, encontrar a solidão,
que seja essa, que me queira.



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